quarta-feira, 27 de junho de 2012

FOTO DAY # 11




Retrato do Povo de Lisboa
É da torre mais alta do meu pranto 
que eu canto este meu sangue este meu povo. 
Dessa torre maior em que apenas sou grande 
por me cantar de novo. 

Cantar como quem despe a ganga da tristeza 
e põe a nu a espádua da saudade 
chama que nasce e cresce e morre acesa 
em plena liberdade. 

É da voz do meu povo uma criança 
seminua nas docas de Lisboa 
que eu ganho a minha voz 
caldo verde sem esperança 
laranja de humildade 
amarga lança 
até que a voz me doa. 

Mas nunca se dói só quem a cantar magoa 
dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria 
apunhalada na garganta. 
Dói-me o sangue vencido a nódoa negra 
punhada no meu canto. 

Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

quinta-feira, 21 de junho de 2012

FOTO DAY # 10



Alma Serena


Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.

Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta:
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.

Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.

Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.

Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas"

segunda-feira, 18 de junho de 2012

FOTO DAY # 9



Lisboa


No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas
Subidas.
Havia duas prisões. Uma delas era para os gatunos.
Eles acenavam através das grades.
Eles gritavam. Eles queriam ser fotografados!

"Mas aqui", dizia o revisor e ria baixinho como um afectado
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada
e em cima, a uma janela, um homem,
com um binóculo à frente dos olhos, espreitando
para além do mar.

A roupa pendia no azul. Os muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos depois, peguntei a uma dama de Lisboa:
Isto é real, ou fui eu que sonhei ?

Tomas Tranströmer

segunda-feira, 11 de junho de 2012

FOTO DAY # 8


LiberdadeAi que prazer 
Não cumprir um dever, 
Ter um livro para ler 
E não fazer! 
Ler é maçada, 
Estudar é nada. 
Sol doira 
Sem literatura 
O rio corre, bem ou mal, 
Sem edição original. 
E a brisa, essa, 
De tão naturalmente matinal, 
Como o tempo não tem pressa... 

Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma. 

Quanto é melhor, quanto há bruma, 
Esperar por D.Sebastião, 
Quer venha ou não! 

Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças, 

Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca. 

Mais que isto 
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca... 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

sexta-feira, 8 de junho de 2012

FOTO DAY # 7



Em Busca da BelezaSoam vãos, dolorido epicurista, 
Os versos teus, que a minha dor despreza; 
Já tive a alma sem descrença presa 
Desse teu sonho, que perturba a vista. 

Da Perfeição segui em vã conquista, 
Mas vi depressa, já sem a alma acesa, 
Que a própria idéia em nós dessa beleza 
Um infinito de nós mesmos dista. 

Nem à nossa alma definir podemos 
A Perfeição em cuja estrada a vida, 
Achando-a intérmina, a chorar perdemos. 

O mar tem fim, o céu talvez o tenha, 
Mas não a ânsia da Coisa indefinida 
Que o ser indefinida faz tamanha. 

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

Desejo vos uma feliz Sexta Feira e um optimo Fim de semana... KISS

quinta-feira, 7 de junho de 2012

FOTO DAY # 6


O meu refúgio
Onde encontro tranquilidade e inspiração.
Não canso me de fotografar a Ponte Vasco da Gama.
Maravilhoso este lugar

KISS

Bom Feriado

terça-feira, 5 de junho de 2012

FOTO DAY # 5




Balada de Lisboa
Em cada esquina te vais 
Em cada esquina te vejo 
Esta é a cidade que tem 
Teu nome escrito no cais 
A cidade onde desenho 
Teu rosto com sol e Tejo 

Caravelas te levaram 
Caravelas te perderam 
Esta é a cidade onde chegas 
Nas manhãs de tua ausência 
Tão perto de mim tão longe 
Tão fora de seres presente 

Esta e a cidade onde estás 
Como quem não volta mais 
Tão dentro de mim tão que 
Nunca ninguém por ninguém 
Em cada dia regressas 
Em cada dia te vais 

Em cada rua me foges 
Em cada rua te vejo 
Tão doente da viagem 
Teu rosto de sol e Tejo 
Esta é a cidade onde moras 
Como quem está de passagem 

Às vezes pergunto se 
Às vezes pergunto quem 
Esta é a cidade onde estás 
Com quem nunca mais vem 
Tão longe de mim tão perto 
Ninguém assim por ninguém 

Manuel Alegre, in "Babilónia"

domingo, 3 de junho de 2012

FOTO DAY # 4


Por muito que viaje para fora de Portugal chego a breve conclusão que ainda há tanto para descobrir pela nossa terra e este fim de semana descobri uma das belas zonas que há muito desejava descobrir e achei!

Um pedaço do nosso Douro.
Kiss

Sweet Dreams


sexta-feira, 1 de junho de 2012

AMANTES DO VERÃO



Desejo vos um feliz fim de semana
O meu desafio é postado no meu outro blog os meus momentos...

BJSTOS